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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Os Cinco Solas Deturpados


Estamos no mês em que a reforma protestante completa 494 anos, e em muitas igrejas históricas essa data não é nem mencionada.

Em contra partida, igrejas que não tem nenhuma ligação direta com a reforma tem dado a sua própria interpretação da reforma protestante e mais particularmente ao que conhecemos como os cinco lemas da reforma.

 
 
O SOLA GRATIA DETURPADO

“Somente a Graça” , assim como quase todas as palavras, o termo “graça” teve o seu sentido original deturpado.

Quando essa palavra é pronunciada, as pessoas têm a noção de que a graça de Deus é algo que ele deve a cada um dos seres humanos, geralmente associamos essa palavra com o favor de Deus para com todos (graça comum).

E há quem pense que Deus não é gracioso se não der uma oportunidade de salvação a todos os homens, como se a graça de Deus fosse uma obrigação que ele tem para com todos os homens.

Mas o que os reformadores queriam dizer com “sola gratia”? (somente a graça), a afirmação de que somente um ato da graça de Deus poderia nos tirar de nossa condição terrível de morte espiritual (Ef 2,8) exclui qualquer obrigação de Deus para conosco, pois a graça de Deus no que tange ao seu tratamento para com os homens é um Dom, e no exercício de sua soberania ele os distribui a quem quer :

"Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem ele quer dá-la. (Jo 5,21)

Pois ele diz a Moisés: "Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão" (Rm 9:15)

O exercício da misericórdia e da bondade de Deus não são obrigatórios para com os homens, até porque, nós merecemos a ira de Deus e a condenação eterna por termos aviltado a glória e a santidade de um Deus eterno.

Quando os reformadores diziam “sola gratia” não estavam dizendo simplesmente que a salvação não é mais conquistada pelas obras, mas estavam dizendo que nós não temos qualquer direito ou reivindicação a fazer diante de Deus, e que mesmo Deus salvando somente quem ele quer, não fará dele menos gracioso do que ele é, pois a graça de Deus é um atributo de Deus.

O SOLA FIDE DETURPADO:

“Somente a fé” essa declaração aponta originalmente para a questão da justificação pela “Fé somente”, que no dizer de Lutero “é a doutrina sobre a qual a igreja está de pé ou cai”.

Recentemente, ao ouvir uma breve exposição sobre o sola fide, vi que nada foi dito a respeito da justificação pela fé, muito pelo contrário, o que ouvi foi uma abordagem tão divorciada do seu sentido original que a fé presente nessa fala apenas substituiu como obra meritória as próprias obras que estavam sendo colocadas como condição de salvação pela igreja romana na idade média.

Precisamos entender que a “Fé” presente nessa declaração, não é algo que o homem já nasce com ela, mas é um dom de Deus (Ef 2, 8-10). Os reformadores não estão defendendo “a fé na fé”, ou declarações contraditórias do tipo: ”Deus não exige nada de você, apenas que você tenha fé”.

Na teologia dos reformadores a fé não era uma moeda de troca pela salvação, o sola fide expressava não somente uma postura contrária a venda de indulgencias e à prática de boas obras como condição para se adquirir a salvação, mas também enfatizava que essa fé que faz o pecador enxergar que os méritos de cristo são transmitidos a ele, é puro dom de Deus:

“Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele”, Filipenses 1:29

“... fé da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo”. Efésios 6:23

“... da fé que Deus repartiu a cada um”. Romanos 12:3

“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. Romanos 10:17

O SOLA SCRIPTURA DETURPADO

“Somente a Escritura” geralmente quando estudamos sobre a reforma entendemos de cara o sola scriptura, pois essa afirmação diz respeito à posição dos reformadores quanto à tradição da igreja católica que naqueles dias era posta em pé de igualdade ou até mesmo superioridade às escrituras.

Os reformadores rejeitaram a tradição como autoridade normativa para a igreja, mas será que o conceito de sola scriptura se resumia a rejeitar a tradição da igreja?

Em nossos dias a doutrina da suficiência das escrituras tem sido abandonada e quase sempre deturpada. Quando os reformadores diziam sola scriptura estavam afirmando a suficiência das escrituras não somente quanto à tradição da igreja, mas acima de tudo quanto a revelação de Deus para a humanidade, as escrituras eram a palavra final de Deus.

Os mesmos que dizem hoje “sola scriptura” são também os que defendem que a escritura não é suficiente para eles, pois ainda estão à procura de uma “palavra” de Deus pra suas vidas ou até mesmo de uma nova revelação “quentinha” da parte de Deus e à parte das escrituras que sirva como guia pra suas vidas.

Os que confessam atualmente os solas da reforma também acreditam que Deus pode falar “extra-scriptura”, algo totalmente novo que ele ainda não tinha revelado em sua palavra.

Pra essas pessoas as escrituras não são suficientes e a confissão sola scriptura não passa de mero reconhecimento de que a bíblia também é a palavra de Deus.

O SOLUS CHRISTUS DETURPADO

A igreja medieval estava cheia de “mediadores”, o culto aos santos e as relíquias eram com certeza a bola da vez.

Quando os reformadores afirmaram a suficiência de Cristo estavam rompendo com toda a gama de intercessores e mediadores que faziam parte do panteão da igreja romana.

A pergunta que se deve fazer é a seguinte: quem era Cristo para os reformadores?
Alguém poderia argumentar da seguinte maneira: eu até concordo com a erosão e deturpação dos outros solas, mas não tem como a igreja evangélica ter pervertido a crença na suficiência de cristo como salvador e mediador (a não se que ela tenha se tornado uma seita).

Se os outros solas estão comprometidos, então não há como o solus christus permanecer intacto.

Se o ensino da graça soberana saiu dos lábios do próprio Cristo, mas o que vemos hoje em dia é na verdade uma espécie de universalismo, o solus christus foi abandonado.

Ainda que as confissões da igreja moderna quanto à divindade de Cristo sejam defendidas, que espécie de Deus não pode fazer valer a sua vontade soberana?

Quando a fé salvadora é reduzida a mero pensamento positivo sobre Deus, ou quando se ensina que todos possuem dentro de si mesmos a capacidade de crer salvadoramente em Deus, então o solus Christus está sendo uma mera confissão subjetiva, pois que necessidade haveria de um sacrifício divino e substitutivo se todos nós já possuíamos a capacidade de exercer a Fé que nos salvaria?

Dizer que acredita na suficiência das escrituras, mas apoiar-se em experiências subjetivas e emocionais como a palavra final de Deus, é negar o solus christus, pois foi o próprio Cristo quem nos ensinou que tudo que precisávamos saber ou crer a respeito dele estava nas Escrituras (Lc 24,27).

Quando se confessa um Cristo que morreu apenas para possibilitar a salvação, e que apesar de ser “soberano” não pode interferir no “livre-arbítrio” dos homens, e que é incapaz de sustentar e fazer perseverar até o fim aquele por quem ele morreu, com certeza esse não era o solus christus da reforma, mas infelizmente é o cristo que é confessado e pregado pela grande maioria dos evangélicos modernos.

O SOLI DEO GLÓRIA DETURPADO

“Somente a Deus a glória” parece até irônico, num tempo em que é tão comum ouvirmos pessoas gritando nos cultos “Glória a Deus!” é justamente o tempo onde Deus tem sido menos glorificado.

Esse brado dos reformadores nos lembra a verdade de que não resta glória alguma para o homem na obra da salvação (e em nenhuma outra obra).

A glória de Deus estava sendo aviltada no período dos reformadores quando o poder aquisitivo era capaz de comprar a salvação (as indulgencias).

Nos nossos dias a glória de Deus também é aviltada quando alguém diz que Deus faz 99% na salvação, mas nós precisamos fazer 1% de modo que o sujeito não é salvo por Deus, mas Deus apenas o ajudou a se salvar.

No evangelho atual, “glória a Deus” se tornou uma resposta por aquilo que ele nos proporcionou de bom nessa vida, ou por alguma promessa de prosperidade que supostamente ele nos fez em alguma reunião.

Só poderemos dizer como os reformadores “soli Deo glória” quando entendermos que a graça é um milagre de Deus que soberana e livremente nos alcançou. Quando confessarmos que a “nossa” Fé não é algo inato, mas que foi o próprio Cristo quem nos deu a graça de crermos nele (Fl 1,29) e que ele mesmo é o “Autor e consumador da nossa fé” (Hb 12, 2).

Deus só será glorificado por nós quando reconhecermos que a sua palavra escrita é suficiente para responder aos anseios do nosso coração corrompido. Quando o cristo for confessado como Deus verdadeiro e salvador nosso, quando não restar nenhuma glória para o homem.


Fonte: METANOIA E REFORMA     Publicado noMinistério Beréia

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Unção de achar???

"Pastores" foram ao mar da Galileia afim de buscar a água "sagrada" que contém a "unção de achar". 


Sinceramente não me surpreende o surgimento crescente de picaretas, que utilizam de espetáculos circenses para enganarem multidões ávidas por suas "bençãos". 




Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.
Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.
A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.
A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.

Trecho retirado do Caminho Cristão

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Não há poder em suas palavras

                                                                               Por Marcos Batista Lopes
 
Existe um documentário nas locadoras, muito controvertido. É o vídeo do Dr. Masaru Emoto que alega ter descoberto o poder da água, e que nossas palavras e pensamentos positivos podem influenciar até um copo de água. Bons pensamentos e palavras agradáveis formam lindos cristais de água, ao passo que maus pensamentos e palavras negativas não se formam cristais ou aparecem maus formações de cristais.
Tudo com um ar cientifico, laboratórios onde são apresentados suas descobertas, livros editados como a “A Mensagem da água” e o vídeo – O Poder da Água – a força dos nossos pensamentos e emoções”.
O vídeo – O Poder da Água – pode ser enquadrado  como “Pseudociência”, ou seja não faz parte da ciência reconhecida ou ortodoxa. A problemática é que milhões acabam aceitando estas descobertas “cientificas” como comprovadamente verdadeiras.

Cristãos podem beber desta fonte?

Trazendo estas questões para o Cristianismo, veremos logo em breve – se já não estiverem acontecendo em alguns lugares – alguns pregadores falando sobre esta descoberta que afirma “O Poder das Palavras.” Nos anos oitenta e inicio dos anos noventa não ouvíamos este falso ensino de “Poder das palavras” em muitos lugares cristãos. Mas no final dos anos noventa e entrando no Novo Milênio este falso ensino se popularizou e ganhou força.
Este ensino Neopentecostal está muito em moda nestes dias onde muitos pregadores dizem que “Há Poder em Suas Palavras” e expõem um sermão cristão misturado com paganismo místico.  Todo este ensino de “há poder nas palavras” surgiu no mundo cristão nos anos 50 quando um pastor americano Norman Vicent Peale lançou o livro O Poder do Pensamento Positivo – em 1952. Era um livro evangélico de auto-ajuda, que ensinava que a fé pode conseguir qualquer coisa. A síntese do livro é a seguinte formula: “Ore, imagine, realize”.
A Revista Veja de 4 de abril de 2007, apresenta a crença no pensamento positivo é bem explorado pela filosofia da “Auto-Ajuda”, sendo que a revista declara na pg. 78:
Ninguém obviamente pode “atrair” um câncer ou se curar de um tumor apenas pela força do pensamento negativo ou positivo, conforme o caso. Todas as pesquisas criteriosas mostram isso com clareza aritmética.”

Devemos entender que este ensino não provém da Bíblia, mas das seitas místicas e movimentos esotéricos, como a Nova Era, que também ensinam que “as palavras tem poder”. Nem Jesus nem a Igreja Primitiva, nem os apóstolos, assim como em toda a Historia da Igreja Cristã Mundial não encontramos estes ensinos, é algo pagão e provém de mitos, é um ensino que veio do mundo das superstições e compartilhado no mundo pagão sem Deus (2Tm 4: 3,4).

Qualquer passagem usada para defender tal ensino é uma afronta a inteligência, pois não existe tal ensino em toda a Bíblia, no Antigo Testamento e também no Novo Testamento. Passagens do Antigo testamento como Provérbios 18.21 ensinam “um poder nas palavras”? O único ensino de “poder nas palavras” que observamos pela Bíblia é o poder destruidor das palavras e seus efeitos. Por exemplo: Através de palavras ofensivas a uma pessoa poderei magoar um irmão de tal maneira que será mais fácil conquistar uma cidade do que aquele irmão (Pv 18.19).

Aliás, por todo o capitulo 18 de provérbios o ensino do bom uso da língua é uma realidade, mas o ensino místico e esotérico de que nossas palavras sejam “entidades” carregadas de bênçãos e maldições, não encontra apoio nem no judaísmo nem na Bíblia, mas no ocultismo.
Em Provérbios 18.7, encontramos tal declaração: “A boca do tolo é a sua própria destruição”, ou seja, não que as palavras que saem de nossas bocas sejam maldições, mas por falar demais ou em horas inapropriadas, poderei acarretar vários problemas e destruições que poderiam ser evitadas.  No Novo Testamento o ensino sobre a língua e as palavras que proferimos se encontra em algumas passagens dentre elas (Tiago 3.1-12).

Onde apresenta o dever de controlar este membro e também é apresentado o seu poder destrutivo. O poder da língua (VV.3-5), que é comparado ao freio do cavalo, ao leme e ao fogo, mas o ensino ocultista e esotérico que muitos alardeiam de “há poder das palavras”, não encontra apoio em nenhuma passagem das Escrituras. O que existe na verdade, são os efeitos destas palavras sobre as pessoas, nada mais!
Alguns usando passagens indevidas, e outros usando argumentações sem a devida interpretação fazem muita confusão. Por exemplo, alguns argumentam que Jesus é apresentado sendo o Verbo e falar e não pensar quando ia realizar suas obras, era para mostrar ao povo que “As Palavras tem Poder”. Este raciocínio é falso, pois na verdade a intenção de Jesus era mostrar para as pessoas que Ele era o Cristo. Quando Deus disse que: “Haja Luz”, não estava ensinando que “Há Poder nas suas Palavras”, mas sim que Ele é o Criador de todas as coisas, e somente Ele pode realizar obras criadoras. O ensino que afirma que devemos  “anular as palavras de maldições senão damos legalidade para o Diabo”, também não é sustentável pela Palavra de Deus.

Conclusão

Estamos presenciando a era do fim, os momentos que antecedem o Anticristo, e é notório que a mentira se espalhe de uma maneira mais eficaz. A Operação do Erro já opera nos filhos da desobediência (2 Tss. 2.8-11) e a mentira encontrará mais aceitação entre aqueles que não obedecem a Palavra do Senhor, e também de cristãos materialistas e secularizados.
O líder que hoje menosprezar a Historia da Igreja e a Hermenêutica Bíblica aceitará enganos quase imperceptíveis. Nosso dever como lideres é conhecer a Bíblia de uma maneira profunda (Tito 1:9). Infelizmente quem sofre é o povo de Deus por acreditar nestes falsos ensinos e palavras mágicas que são usadas pelas seitas da Nova Era, assim como pelo Xamanismo, Seicho-No-Ie, Logosofia  e toda sorte de ocultismo.
Recomendamos a leitura de livros que alertam sobre o engano pelos falsos mestres em nosso meio.  Somente para citar alguns: “O que estão fazendo com a Igreja” – Augusto Nicodemus- Ed Mundo Cristão  – “Evangélicos em Crise”- Paulo Romero, Mundo Cristão –“ Erros que os pregadores devem evitar”, Ciro Sanches Zibordi, CPAD.



domingo, 23 de outubro de 2011

O PASTOR PROFISSIONAL

Por Alfredo de Souza

Sempre que um pastor for indagado sobre a sua profissão, qual deve ser a resposta? Incomoda-me quando afirmam que são pastores, ou seja, que a profissão que exercem é a de
pastor. Quando tenho oportunidade de conversar com esses colegas mais próximos, sugiro que respondam: autônomo em vez de pastor. É claro que muitos discordam.

Mas o tipo de resposta a ser dada não é o problema que quero levantar nessa postagem. O ponto está mais além e é muito mais complexo. Inicialmente quero iniciar definindo o que significa ser um pastor e o que significa ser um profissional.
Por pastor entendo um ministério, um serviço dedicado ao Reino, ou seja, alguém que exerce o dom do Espírito Santo no cuidado de um rebanho de acordo com as normas contidas nas Escrituras. É um trabalho que não visa a promoção pessoal e nem o lucro, embora dele retire o seu sustento. Trata-se de um ministro do Evangelho. Por profissional entendo alguém que luta por uma carreira bem sucedida que se estabelece pelo reconhecimento vindo de outras pessoas. Também é a busca do progresso técnico que exige resultados mensuráveis cujo corolário é a recompensa que surge por meio de altos salários e de uma boa aposentadoria.
Não há nenhum problema em ser um bom profissional na empresa ou na instituição pública. A questão é quando o ministério pastoral se profissionaliza. Isso, sim, traz prejuízos à Igreja e ao propósito de Deus quanto ao amparo e, até mesmo, a proteção do povo. Como já disse, o trabalho pastoral deve ser visto como um ministério. Trata-se de um servo que preside, de um pai que cuida, de um mestre que doutrina ou de um enfermeiro que trata. Resumindo, o pastor é aquele que dá a vida pelo rebanho e o vivifica pelo poder de Deus.
Já o pastor profissional é aquele que não se dedica mais ao propósito principal no qual fora vocacionado. Ele passa a não mais se importar com a simplicidade do ministério. Sente necessidade de se perceber confortável e seguro de si e por si mesmo, não importando os prejuízos que isso possa causar à igreja. Busca um futuro previsível e um presente que satisfaça os desejos egoístas. A visão que possui passa a ser regida pelo humanismo e sente a necessidade de ser notado por aqueles que deslumbram o seu aparente sucesso. Ou seja, são pastores que pastoreiam a si mesmo, todo o seu esforço é direcionado aos interesses pessoais.
Não tenho dúvidas que tudo isso causa dor e frustração no meio do rebanho que definha moribundo e desorientado, principalmente quando percebe que o alvo de seu líder espiritual não é mais as ovelhas, mas, sim, o próprio estômago enquanto fingem pastorear.
Nessa altura surge uma pergunta: como podemos detectar alguém que deixou de ser um ministro do Evangelho e passou a ser um executivo eclesiástico? Como resposta, quero propor quatro características que são facilmente percebidas nesse tipo de gente: 

O pastor profissional é raso no ensino bíblico
Este é um ponto extremamente nocivo à igreja com conseqüências desastrosas. O pastor profissional não possui a menor preocupação em se debruçar sobre livros, comentários ou literatura que possam auxiliar no preparo dos sermões. Não há estudo sério da Palavra, não há compromisso com a Verdade. Tais indivíduos acreditam que podem ir ao púlpito toda a semana e falar o que lhe vem na mente naquele momento, sem se preocuparem com o fortalecimento do rebanho contra o pecado. A tônica é sempre humanista e tolerante sem que haja a denúncia contra o erro ou contra o mundanismo. Isso porque o pastor profissional teme ser confrontado e, por essa razão, sempre quer estar de bem com todos, principalmente com os crentes influentes do meio.

O pastor profissional não se envolve pessoalmente com as ovelhas
Todos sabem que o pastoreio não se restringe aos principais cultos de domingo. Nenhum ministro de Deus se furta do envolvimento pessoal com o povo por meio do discipulado ou do aconselhamento. No entanto, o pastor profissional não leva em conta este importante cuidado individual. Não cultiva o hábito do pastoreio direto, do acompanhamento pessoal (por intermédio das visitas nas casas ou no trabalho em horário de folga), dos aconselhamentos, dos contatos por carta ou pela Internet (embora o relacionamento presencial seja insubstituível). Para ele tudo isso é perda de tempo. Por vezes a ovelha está necessitando de uma palavra orientadora, mas só consegue ser ouvida quando procura o psicanalista ou o líder de outra denominação mais próxima de si cuja teologia é, muitas vezes, questionável. São casais que vivem sob forte crise, relacionamentos desgastados entre filhos e pais, desempregos que desesperam o coração, enfermidades que atemorizam. São pessoas que gritam em silêncio sem, contudo, obter eco do seu clamor. O pastor que possuem só pode vê-las aos domingos na porta da igreja ao final do culto e que se limita em dizer a mesma frase por anos a fio: “como vai? Que tenhas uma semana abençoada”. Nada mais que isso. Essas pobres ovelhas nunca serão encorajadas a seguir em frente, nunca serão visitadas, nunca serão aconselhadas, nunca receberão uma mão amiga e confiável. Ou seja, nunca experimentarão o que é ser pastoreada, pois não possuem líderes amigos. Esses tais são apenas meros profissionais. 

O pastor profissional só se preocupa consigo mesmo
Personalismo parece ser a palavra de ordem em alguns centros evangélicos. São pessoas que passam a vida lutando por um espaço na mídia. O resultado é o desperdício de milhões de reais utilizados para pagar campanhas inócuas ou programas televisivos vazios que nada dizem além de discursos de auto-ajuda. Mas esse desejo não se restringe aos grandes eventos ou aos grandes espaços continentais. Há também aqueles que desejam fama em seu pequeno universo. Pode ser um Presbitério, uma pequena região ou até mesmo uma igreja local. O alvo é a bajulação que surge por causa de uma pretensa espiritualidade ou de uma suposta inteligência respaldada por títulos e certificados alcançados. Não importa a causa, o importante é o estrelismo. É por isso que muitos pastores profissionais se preocupam com o crescimento numérico de seu rebanho em detrimento da qualidade, embora haja também os que se conformaram com o número reduzido do rebanho. Nesses casos, geralmente, a fama e o prestígio possuem outra fonte fora da igreja local. Outra preocupação desses pastores é a sua renda mensal, o seu ganho financeiro. Sempre defendem cinicamente seus bolsos sem, portanto, merecerem o que pleiteiam ganhar. Buscam apenas os seus direitos em detrimento dos legítimos direitos das ovelhas extorquidas. A meta é ter um emprego-igreja bem remunerado que lhe conceda estabilidade financeira.

O pastor profissional não é um homem de Deus.
Isso significa a ausência de uma dependência total do Senhor na vida por meio do temor, da Palavra e da oração. São pessoas que confiam em si mesmas e não se importam em buscar de Deus a direção certa. Não sentem falta nenhuma de expressar a submissão ao Espírito, submissão esta que o próprio Jesus demonstrou quando esteve aqui entre nós. Não são homens de oração, não são homens da Palavra, não são homens piedosos. Nunca possuem uma vida devocional particular, nunca gemem por causa do pecado, nunca se importam com a vontade de Deus. Sempre agem friamente e com extrema impassibilidade diante de tudo que promove uma vida espiritual compromissada. Na maioria das vezes são irônicos ou cínicos no que dizem ou falam com respeito à piedade. Eles também agem despoticamente para que prevaleça a sua vontade, não obstante a capa de aparente mansidão. São vazios do poder de Deus, são como penhas que não podem alimentar ou fortalecer as ovelhas.
Quero encerrar dizendo que, para mim, ser pastor profissional nada tem a ver com tempo integral ou parcial no ministério. O ministro pode retirar o seu sustento de um trabalho que não esteja ligado à sua igreja. Todavia, tal trabalho não pode comprometer o tempo de qualidade pertencente ao rebanho quanto ao preparo do sermão e quanto ao envolvimento pessoal. Entre um e outro, o pastorado é prioridade. Se um dos dois deve ser descartado ou penalizado, que seja o trabalho secular.
Muitas igrejas padecem miséria espiritual porque estão debaixo de um pastor profissional que há muito deixou de ser um ministro de Deus. Vale ressaltar que essa mutação pecaminosa não acontece da noite para o dia, ela ocorre ao decorrer dos anos quando aquilo que causava genuíno espanto, preocupação ou interesse transforma-se em total irrelevância. O que era importante por pertencer ao Reino, passa a ser desprezado totalmente.
Que Deus nos livre dos pastores profissionais que sufocam as igrejas até o seu extermínio. Que haja entre nós ministros sinceros e cônscios de que escolheram um excelente, sublime e perene trabalho conforme nos diz o Apóstolo Paulo.


Fonte : Alfredo de Souza       Publicado no Ministerio Bereia

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A suficiência das Escrituras

Por Rev. Hernandes Dias Lopes
A Reforma do século dezesseis foi um divisor de águas na vida da igreja e também na história da humanidade. A Reforma não foi uma inovação, mas uma restauração. Não foi a abertura de um novo caminho, mas uma volta às veredas antigas. Não foi a introdução de um novo evangelho, mas uma volta ao antigo evangelho. A Reforma foi uma volta à doutrina dos apóstolos, um retorno ao Cristianismo puro e simples. As verdades enfatizadas na Reforma podem ser sintetizadas em cinco “solas”: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solu Christu e Soli Deo Gloria. Vamos destacar agora o Sola Scriptura.

Todas as igrejas cristãs creem nas Escrituras e aproximam-se dela como Palavra de Deus. Porém, nem todas têm o mesmo conceito das Escrituras. A Bíblia não apenas contém a Palavra de Deus, a Bíblia é a Palavra de Deus. A Bíblia não é uma dentre as regras de fé e prática, mas nossa única regra de fé e prática. Destacaremos, aqui, três pontos importantes para a nossa reflexão.

Em primeiro lugar, as Escrituras são inerrantes. Jesus Cristo foi enfático em dizer que as Escrituras não podem falhar. Ele disse, também, que a Palavra de Deus é a verdade. Não há erros nas Escrituras. Não há contradição nos seus registros. Seus relatos não são mitológicos. A Palavra de Deus é fiel e verdadeira e digna de inteira aceitação. Nem uma das palavras de Deus pode cair por terra. Nenhuma de suas promessas pode fracassar. Pode passar o céu e a terra, mas a Palavra de Deus não vai passar. Ela permanece para sempre. Suas profecias se cumpriram, estão se cumprindo e cumprir-se-ão à risca. Deus conhece a história antes de ela acontecer. O próprio Deus que inspirou as Escrituras é quem dirige os destinos da história.

Em segundo lugar, as Escrituras são suficientes. Nada pode ser acrescentado às Escrituras. Ainda que um anjo venha do céu e pregue outro evangelho, além do que está registrado nas Escrituras, deve ser decisivamente rejeitado. Há dois desvios perigosos com respeito às Escrituras atualmente. O primeiro deles é o liberalismo teológico. Os teólogos liberais não creem na infalibilidade nem na suficiência das Escrituras. Aproximam-se dela não com fé, mas com suspeitas; não com humildade, mas com insolência; não com submissão, mas com rebeldia. Atribuem às Escrituras muitos erros. Afirmam que ela está cheia de falhas e que seus relatos históricos estão repletos de contradição. Afirmam que seus milagres não passam de mitos. Esses paladinos do engano e arautos da incredulidade retiram das Escrituras o que está nas Escrituras, atraindo sobre si mesmos a merecida punição de seu erro. O segundo desvio é o sincretismo religioso. Há muitos crentes que olham para as Escrituras como um livro mágico, usando-a apenas como uma espécie de amuleto religioso. Não a estudam com profundidade nem a aceitam como a única regra de fé e prática. Estão sempre buscando novas revelações e correndo atrás de novos sonhos e visões para nortear-lhes os passos. Se os liberais removem das Escrituras seu conteúdo, os adeptos do sincretismo acrescentam às Escrituras suas novas visões e revelações. Desta maneira, ambas as posições são um sinal de rebeldia contra Deus e uma evidência de insolente apostasia. Não precisamos de novas revelações. Tudo que precisamos saber para a nossa salvação, santificação e serviço está contido nas Escrituras. Devemos conhecê-la, obedecê-la e proclamá-la com fidelidade e senso de urgência.

Em terceiro lugar, as Escrituras são eficientes. As Escrituras não são apenas inerrantes e suficientes, elas são também eficientes. Elas realizam todo o propósito de Deus. Elas não voltam para Deus vazia. Elas são mais preciosas do que o ouro e mais doces do que mel. Elas são não apenas inspiradas, mas também úteis para toda a correção, repreensão e ensino. É por meio delas que Deus chama seus eleitos. É por meio delas que Deus santifica seu povo. É por meio delas que Deus consola seus filhos. É por meio delas que Deus fortalece a sua igreja e a equipada para cumprir sua missão.

Postado no Ministerio Bereia

Primeira postagem

Bom sou apenas um iniciante neste mundo dos blogueiros, espero  poder compartilhar bastante materias com vocês. Vou ser muito breve neste meu primeiro post, quero apenas lhes desejar uma boa leitura e que DEUS abençoe a cada um!